Salve amigos, em nossa última publicação iniciamos um assunto muito interessante e complexo que será tema de vários artigos ao longo do tempo em nosso blog. Fizemos uma breve introdução sobre Treinamento Esportivo, falando sobre a importância e benefícios de sua prática. Hoje iremos abordar algumas das mais importantes bases sobre treinamento esportivo, seja na elaboração e/ou manutenção do mesmo. Falaremos sobre os Princípios do Treinamento Esportivo.

            Sabemos que o treinamento é conhecido como um processo constante, repetitivo e sistemático, composto de exercícios progressivos que visam o aperfeiçoamento do desempenho físico ou mental (BARBANTI, TRICOLI, UGRINOWITSCH, 2004), e que o mesmo vem passando por evoluções constantes a todo momento, com novas tecnologias, novos métodos, novos sistemas de periodização e planificação, entretanto as bases de sua construção são as mesmas de longa data.

            O treinamento esportivo tem como objetivo principal a melhora do desempenho físico e motor dos praticantes de algum tipo de modalidade esportiva, seja ela uma simples corrida ou a prática de um esporte com exigências motoras mais complexas, como é o caso da escalada esportiva.

            Toda atividade necessita de regras para sua organização e execução, ainda mais quando trabalhamos de forma direcionada e com metas pré-estabelecidas. Para nos ajudar nesse processo, temos os Princípios do Treinamento Esportivo, princípios esses que norteiam qualquer planejamento de treino ou atividade física. Seguir esses princípios é uma condição indispensável para que a atividade se torne satisfatória, eficiente e saudável. É por meio deles que os treinadores, professores e cientistas do esporte se baseiam para a criação de determinado treinamento, seja ele apenas uma sessão de treino ou em um macrociclo completo.

            Bem, para não alongar demais vamos abordar cada um deles da forma mais direta e didática possível, uma vez que cada fundamento daria um capítulo inteiro de um livro. De qualquer forma, ao final dessa leitura será possível que qualquer praticante possa aprimorar e melhorar seu treinamento esportivo de forma autônoma e independente, mas é importante ressaltar que somente um profissional habilitado da área poderá extrair o máximo do seu desempenho de forma eficiente e segura.

– Princípio da Individualidade Biológica

            O princípio da individualidade biológica diz que cada organismo reage de formas diferentes ao mesmo estímulo aplicado, gerando adaptações específicas. Temos que considerar o indivíduo como um ser único e por isso esse princípio é tão importante, pois apesar das respostas a determinados estímulos serem parecidas, cada pessoa irá ter uma resposta singular do treinamento ou exercício físico. Sendo assim, a individualidade é um dos principais pontos a serem observados na elaboração de um treino.

– Princípio da Adaptação

            O princípio de adaptação pode ser definido como a busca do organismo pelo seu equilíbrio em resposta aos variados estímulos e “agentes estressores”, esse equilíbrio dinâmico é chamado de homeostase. Se a homeostase é interrompida por um estímulo, o organismo irá procurar restabelecer o equilíbrio. Caso esse estímulo seja muito forte, o que degenera o organismo total ou parcialmente, a homeostase se interrompe pelo domínio dos processos degenerativos e exige como resposta um aumento dos processos constitutivos.    

             Quando a carga de treinamento não produz alterações significativas da homeostase, é necessário aumentar a carga de treinamento de maneira uniforme e progressiva. Porém a redução da carga em certas ocasiões é também um fator importantíssimo para o aumento do rendimento, pois há momentos onde o organismo cansado já não assimila mais os estímulos de treino. Deste modo é necessário diminuir a carga de forma descontínua e durante pouco tempo, o que melhora o rendimento, caso contrário, poderá ocorrer uma perda funcional do sistema devido a uma sobrecarga elevada e contínua.

– Princípio da Sobrecarga

            Esse princípio consiste em sobrecarregar o organismo do atleta de maneira adequada, onde devemos observar algumas variáveis como a frequência, a intensidade, o volume e a duração do treinamento. A sobrecarga deve ser individualizada e aplicada de forma progressiva ao longo do processo de treino, utilizando diversos métodos como por exemplo o contínuo, o intevalado e o ondulatório. Esse princípio quando aplicado de forma correta, irá provocar em nosso organismo as adaptações conforme comentamos anteriormente no princípio da adaptação.

            A história do surgimento desse princípio remonta à época de 500 a 580 a.C., na Itália. Mílon de Crotona foi atleta olímpico de luta e teria ganho doze competições nos jogos antigos, sendo seis delas nos Jogos Olímpicos. O nome da cidade de Milão foi dado em sua homenagem. Este atleta corria com um bezerro nas costas para aumentar as forças dos membros inferiores, e quanto mais pesado o bezerro ficava, proporcionalmente sua força aumentava. 

– Princípio da Continuidade

            Esse princípio nos mostra que os resultados não são conquistados da noite para o dia. Como o próprio nome diz, é necessário que o treinamento do indivíduo seja feito de forma contínua e ininterrupta. Através da continuidade e persistência nos treinos, iremos desenvolver qualidades físicas, como alterações morfológicas e biológicas. Nesse fundamento é onde teremos o controle dos períodos que devem ser seguidos no planejamento de treino (periodização), como por exemplo, período preparatório, período competitivo, período de recuperação, microciclos, mesociclos, macrociclos entre outros.

– Princípio da Reversibilidade

            Da mesma forma que o treinamento se adapta de acordo com a sobrecarga ideal, a falta de treino faz com que o atleta volte ao seu estado normal de antes, ou seja, ele perde as capacidades funcionais e adaptações morfológicas que foram adquiridas com o treinamento. Por isso a importância de estar se exercitando sempre.

– Princípio da Interdependência Volume-Intensidade

            Para falar sobre esse princípio, primeiro temos que saber o que é volume e o que é intensidade. Simplificando, volume é a quantidade de tempo, distância, repetições ou trabalho que você realiza na sua atividade física. Intensidade é a carga do exercício que pode ser mensurado em peso, tempo, potência entre outros. Como exemplo prático podemos citar um exercício de musculação, onde as séries e repetições de treinamento serão o seu volume e o peso dos halteres escolhidos será a intensidade. Esse princípio é extremamente importante quando elaboramos um treino, basicamente podemos dizer que um é proporcionalmente inverso ao outro, ou seja, o aumento dos estímulos de uma dessas variáveis é acompanhado de uma queda nos estímulos da outra variável, sendo assim uma interdependência entre ambas. Existe uma grande pesquisa nessa área, buscando sempre uma constante de qual seria o modelo perfeito de volume e intensidade para cada modalidade.

– Princípio da Especificidade

            Este princípio está baseado nas particularidades e características específicas de cada atividade. Sendo assim, para um exercício ser “específico” ele deve ser o mais próximo à situação que se deseja alcançar. Como exemplo, podemos citar um escalador que deseja escalar vias curtas de alta dificuldade, o qual não conseguirá atingir seu objetivo treinando vias longas ou realizando volume alto de treino e de baixa intensidade.

– Princípio da Variabilidade

            Fundamenta-se na ideia de um treinamento completo e de um desenvolvimento global do indivíduo, que seja o mais completo possível. Segundo Ibidem (1996), quanto maior for a diversificação dos estímulos, maiores serão as possibilidades de se atingir uma melhor performance.  Este princípio pode causar certa confusão em relação ao que falamos anteriormente sobre especificidade, parecendo que ambos se contradizem, mas na verdade as características dessa variabilidade de treino ainda devem estar dentro das especificidades que a modalidade e/ou esporte exigem. Os exercícios podem e devem variar para que o treino não fique estagnado (fase platô) e o praticante fique desestimulado em continuar com seu treinamento.

– Princípio da Treinabilidade

            Este princípio nos diz que quanto mais treinado for o atleta, mais difícil será treiná-lo e alcançar melhores resultados. É importante considerar aqui também que de acordo com a individualidade de cada praticante (princípio da individualidade biológica), cada um terá uma resposta diferente aos estímulos aplicados.

– Princípio da Saúde

            Apesar de ainda não ser citado por todos os autores, esse princípio já vem sendo encontrado em alguns artigos mais atuais na área de treinamento esportivo. O mesmo nos diz que nenhum exercício deve ser contra a saúde da pessoa e que ela deve ser o principal objetivo de qualquer praticante. Ele considera também que qualquer prática esportiva deve ser acompanhada por profissionais da saúde, e isso não é somente para a área da educação física, mas também para a área médica, nutricional, psicológica, etc. Tendo assim o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com profissionais de diferentes áreas de atuação, mas todos com o propósito de manter o atleta e/ou praticante saudável.

            Esses são os principais fundamentos aplicados no treinamento esportivo e todos com grande relevância para que o planejamento do seu treino seja o mais eficiente e seguro possível. Além desses citados, temos também o Princípio da Supercompensação que é fator determinante para melhorar e acompanhar seu rendimento esportivo. Mas esse merece um tópico separado para falarmos dele que em breve você poderá encontrar aqui no nosso blog.

Categories:

One response

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *